🛠️ ESPAÇO DE ANÚNCIO (MODO DEV)
Slot: /23408374/cio-carreira
Tamanhos: [300,250], [750,450], [970,90]...
CCE
Cobra
Dia da Informática
Informatica
Itautec
Microdigital
Prológica
Scopus

Dia da Informática: 6 empresas que marcaram a história da TI no Brasil

O Brasil é repleto de “jabuticabas” – aqueles eventos únicos que parecem só acontecer por aqui. A história da indústria de tecnologia nacional não é diferente, e está repleta de nomes e acontecimentos peculiaridades que nos trouxeram até onde estamos hoje. Para marcar este dia 15 de agosto, data em que é celebrado o Dia […]

Publicado: 06/12/2025 às 04:38
Leitura
13 minutos
brasil, setor público, informática, tecnologia
Construção civil — Foto: Reprodução

O Brasil é repleto de “jabuticabas” – aqueles eventos únicos que parecem só acontecer por aqui. A história da indústria de tecnologia nacional não é diferente, e está repleta de nomes e acontecimentos peculiaridades que nos trouxeram até onde estamos hoje. Para marcar este dia 15 de agosto, data em que é celebrado o Dia da Informática, o IT Forum resgata a história de algumas das empresas que marcaram o desenvolvimento da tecnologia no país.

A história da informática no Brasil começou, assim como em diversos outros países do mundo, na década de 50. Foi em 1957 que o “Computador Automático Universal“, ou Univac 120, fabricado pelo grupo norte-americano Remington Rand, foi instalado no país e se tornou o primeiro computador em solo nacional. A máquina foi adquirida pela prefeitura de São Paulo e utilizada pelo Departamento de Águas e Esgotos (DAE), com o objetivo de modernizar os cálculos do órgão.

Ao longo dos anos seguintes, mais máquinas seriam importadas e instaladas no país, marcando um período de desenvolvimento da informática baseado em tecnologias vindas de fora. A partir da década de setenta, no entanto, durante a ditadura militar, um movimento de intervenção governamental foi iniciado na tentativa de incentivar a produção nacional de microcomputadores.

Em outubro de 1984, foi instituída a Lei Federal nº 7.232, que fixou a popularmente conhecida Reserva de Mercado de Informática, via a Política Nacional de Informática (PNI), e oficializou a reserva do mercado interno às empresas de capital nacional para diversos segmentos do mercado, inclusive o de softwares. A reserva duraria até outubro de 1991, quando o então presidente Fernando Collor encerrou o plano.

Para Pedro Bicudo Maschio, consultor e analista distinto do Information Services Group (ISG), a reserva de mercado da informática foi uma iniciativa que buscou emular o sucesso do desenvolvimento da indústria automobilística nacional – através de um forte investimento governamental – no setor de tecnologia, considerado estratégico pelo regime militar. As condições, no entanto, não eram as mesmas.

“Para geração de tecnologia, a reserva foi muito problemática. O Brasil não tinha, e ainda não tem hoje, capital suficiente para desenvolver tecnologia”, pontuou Maschio em conversa com o IT Forum. “Para a indústria automobilística, você tinha um mercado demandante muito grande – um grande número de brasileiros, uma economia crescendo –, por isso que deu certo. No mundo de TI não existia a escala de consumo.”

Ainda que do ponto de vista da criação de novas tecnologias a reserva não tenha funcionado, em outros aspectos, algum sucesso foi observado. Um deles foi o desenvolvimento de mão de obra técnica de alto nível que, nos anos seguintes, seria muito aproveitada pelo setor empresarial do país – em especial o bancário.

O mercado como um todo também se desenvolveu. No estudo “Uma avaliação da reserva de mercado na indústria brasileira de computadores”, de 1992, os pesquisadores Hubert Schmitz e Tom Hewitt narram que entre os anos de 1984 e 1987, a taxa média de crescimento anual do mercado brasileiro de microcomputadores foi de 7,4% – mais alta do mundo capitalista da época.

Entre 1984 e 1989, o Brasil também saltou de 42 mil empregos em informática e automação para 74 mil postos, segundo o Panorama do Setor de Informática de 1991. “A reserva não prejudicou os estrangeiros, mas permitiu o desenvolvimento de empresas nacionais”, ponderou Bicudo. “Naquele momento, elas foram de extrema importância porque foram elas que contratavam, que puxavam a tecnologia e que desenvolviam o uso da tecnologia.”

COBRA

Fundada em 1974, a Computadores e Sistemas Brasileiros Ltda., ou COBRA, foi a primeira empresa brasileira a desenvolver, fabricar e comercializar computadores no país. A empresa surgiu a partir do tripé de uma parceria de origem privada nacional, internacional e do apoio estatal. Eram elas: a nacional EE Eletrônica, a fabricante inglesa Ferranti, responsável por computadores instalados em navios da Marinha, e o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDE).

Entre seus fundadores, estavam nomes da Pontifícia Universidade Católica (PUC/RJ) e também de envolvidos na criação do “Pato Feio”, computador desenvolvido pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), em 1972.

Ao longo dos anos setenta, a marca lançou controladores de sistemas e terminais de dados. Sua primeira fábrica foi inaugurada em 1979, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Em 1980, a empresa lançava o Cobra 530, o primeiro computador totalmente projetado, desenvolvido e industrializado no Brasil. Ao longo da década, a companhia ganhou bastante espaço no mercado nacional e passou a ter capacidade de produzir quase todos os componentes localmente – até mesmo o sistema operacional, com o SOX, compatível com UNIX.

Com o fim da reserva de mercado, no início da década de noventa, a Cobra passou a sofrer com a concorrência estrangeira. Para se salvar, passou ao controle acionário do Banco do Brasil e mudou seu perfil de atuação, se voltando para a integração de sistemas e prestação de serviços para a área bancária. Na virada do milênio, ela se torna a Cobra Tecnologia. Em 2013, passa a ser a BB Tecnologia e Serviços (BBTS), se aproximando ainda mais de sua controladora e se consolidando como uma prestadora de serviços para o Banco do Brasil.

Scopus

A Scopus Tecnologia também surgiu durante a década de setenta, na esteira da busca do Brasil pelo desenvolvimento de tecnologia nacional. A empresa foi criada pelo trio Josef Manasterski, Célio Ikeda e Edson Fregni, que também participou do projeto do Pato Feio, da USP, em 1975. Diferente da COBRA, sua ambição inicial era a prestação de serviços e manutenção de computadores.

Seus primeiros anos foram dedicados ao desenvolvimento de terminais de vídeo nacionais, como o TVA-80. Já durante a década de oitenta, a companhia entrou no mercado de de microcomputadores. Em 1983, a empresa lançou o Nexus 1600, um clone do IBM-PC que se tornou uma das suas máquinas mais populares – desenvolvido com o sistema operacional ‘SISNE’, compatível com o MS-DOS.

Nos anos noventa, a trajetória da companhia foi similar à da COBRA. Tudo começa em 1989, quando o Bradesco assume o controle acionário da Scopus. Com a abertura do mercado, a organização se moveu para a área de serviços de TI, incluindo suporte técnico, desenvolvimento e integração de sistemas. Continuou prestando serviço para organizações, incluindo agências do Bradesco, e participou do desenvolvimento do primeiro Internet Banking da América Latina.

Em julho de 2014, a IBM Brasil comprou a estrutura da área de suporte e manutenção de hardware e software da Scopus. Com isso, a IBM assumiu todos os contratos de suporte e manutenção da Scopus, inclusive do Banco Bradesco, que era então o maior cliente da companhia. No ano seguinte, a IBM transformou a companhia na Proxxi Tecnologia.
Apesar da aquisição da IBM Brasil, a área de consultoria em inovação e soluções em TI da Scopus continuou independente e propriedade do Bradesco. Em 2019, os funcionários da prestadora de serviços de tecnologia foram internalizados pelo Bradesco.

Itautec

Mais um exemplo da relação próxima da indústria de tecnologia brasileira com o setor bancário, a Itaú Tecnologia S/A, ou Itautec, surgiu em 1979. Sua origem veio da necessidade de modernização do banco e de uma inspiração de Olavo Setubal, então diretor-presidente do banco Itaú, em experiências internacionais de automação bancária para demonstrações financeiras em tempo real.

Regida por Carlos Eduardo Corrêa da Fonseca, o Karman, a empresa tinha outras ambições além de implantar o sistema on-line no banco Itaú. Treinar e estimular talentos para o setor bancário brasileiro era uma delas, mas, mais adiante, a meta passou a ser também desenvolver tecnologia nacional para o mercado consumidor e corporativo.

Ao longo dos anos oitenta, a empresa lançou uma série de microcomputadores e produtos de informática e tirou proveito do PNI. Em 1982, a Itautec lança o seu primeiro microprocessador, o Itautec I-7000. No ano seguinte, estreou seu primeiro caixa eletrônico, em Campinas, São Paulo. Em 1988, lançou o IS30 Plus, que marcou um salto na capacidade produtiva da companhia.

No ano seguinte, o grupo Itaú S/A, adquire o controle da Philco Rádio e Televisão S/A no Brasil. Com isso, vê oportunidade de expandir as suas atividades para a produção de bens eletrônicos para consumidores finais – incluindo câmeras, videocassetes, rádios e televisores. Em 1994, ocorre a fusão entre as empresas Itautec S/A e a Philco S/A, o que dá origem à Itautec Philco S/A. A união durou até 2005, quando a Itautec vendeu a Philco para a Gradiente para focar apenas em informática e serviços de alta tecnologia.

A Itautec foi a última sobrevivente do período da reserva de mercado do Brasil. Sua longa vida se deu não só por fazer parte de um grupo econômico sólido, o conglomerado Itaú S/A, mas também pela promoção de joint-ventures e alianças estratégicas com empresas como Intel, IBM e Texas Instruments.

A empresa só deixou de fabricar desktops, laptops e servidores em 2013, muitos anos depois de suas concorrentes contemporâneas terem desistido do setor de computação. Naquele ano, com o fim da fabricação de computadores, o foco da Itautec passou a ser em soluções de automação e comercial, incluindo operação de caixas eletrônicos e terminais de autoatendimento. A Oki Electric Industry também comprou 70% do controle da organização, marcando o fim da Itautec e a origem da Oki Brasil.

CCE

A Comércio de Componentes Eletrônicos (CCE) foi fundada pelo empresário Isaac Sverner muito antes do início da reserva de mercado brasileira, em 1964. Originalmente, no entanto, a companhia nasceu como uma simples importadora e comerciante de aparelhos eletrônicos.

Em 1971, a empresa deu seus primeiros passos na fabricação de produtos eletrônicos. Rádios gravadores, rádio relógios e toca-discos estiveram entre os primeiros produtos portáteis produzidos pela CCE, que passou a fabricar dispositivos na Zona Franca de Manaus.

Com a transformação do mercado brasileiro e o avanço da computação pessoal, nos anos oitenta a companhia entrou no segmento da informática. O MC1000 foi o primeiro computador doméstico de fabricação própria da empresa. Já o MC4000 foi voltado para aplicações pessoais e empresariais com hardware e software compatíveis com o Apple II Plus.

A empresa segue diversificando sua atuação, e entrou em mercados com o de eletrodomésticos e até de jogos eletrônicos. Em computadores pessoais, continuou no desenvolvimento de computadores pessoais, incluindo desktops, notebooks e all-in-ones. Em 2012, a empresa era a maior fabricante do polo industrial de Manaus. Foi adquirida naquele ano pela fabricante chinesa Lenovo, por R$ 300 milhões – dois anos depois, chegou a alcançar a liderança de mercado de PCs no país dois anos depois. Em 2015, a negociação foi desfeita e o controle da empresa, devolvido à família Sverner.

Microdigital Eletrônica

A Microdigital Eletrônica Ltda. foi fundada em 1981 pelos irmãos George Kovari e Tomas Kovari. Naquele mesmo ano, a empresa começou produzir microcomputadores adaptados da fabricante inglesa Sinclair, como o TK80 – um clone do inglês ZX80. Ao longo dos anos oitenta, lançou outros dispositivos da linha TK, também clonados da Sinclair e voltados para uso pessoal ou para pequenas e médias empresas.

Com a oficialização da reserva de mercado a partir de 1984, a Microdigital ganhou mais espaço no mercado nacional e ampliou seus negócios. Chegou a operar três plantas industriais, sendo uma na Zona Franca de Manaus e duas em São Paulo. Citando o Museu da Computação e Informática, o Estado de S.Paulo aponta que a Microdigital chegou a alcançar 60% do mercado nacional de computadores.

Em 1983, a Sinclair chegou a mover um processo contra a Microdigital – e também a Prológica – na Justiça brasileira por violação de direitos autorais do firmware da companhia. O processo introduziu o Brasil ao tema de proteção de software e gerou a expectativa de que o país estabelecesse alguma legislação sobre isso. Dois anos depois, a Sinclair foi derrotada em
primeira instância.

Em 1985, a companhia atingiu o ápice de seus negócios com o TK90X, cópia do ZX Spectrum que trouxe melhorias em relação ao modelo original. Neste mesmo ano, a Microdigital chegou a comercializar modelos fora do Brasil, na Argentina e Uruguai. Com a abertura da economia brasileira no começo dos anos noventa, a empresa encerrou as atividades em 1992.

Prológica Indústria e Comércio de Microcomputadores

A Prológica Indústria e Comércio de Microcomputadores Ltda, ou Prológica, foi fundada em 1976 por Joseph Blumenfeld e Leonardo Bellonzi. A companhia começou sua atuação no setor de máquinas de contabilidade eletrônicas, primeiro como distribuidores, mas logo depois como produtores.

Nos anos oitenta, a companhia começou a atuar no mercado da informática. O Sistema 700 foi o primeiro modelo de microcomputador da Prológica, lançado em 1981. No ano seguinte, a linha CP 200 é lançada, um clone dispositivo ZX81, da montadora inglesa Sinclair – também copiado pela Microdigital. Nos próximos anos, a companhia lançaria uma série de outros modelos da linha CP e ganharia espaço. Segundo reportagem do Jornal do Brasil publicada em setembro de 1984, a empresa terminaria aquele ano com 84 mil computadores fabricados.

A Prológica teve uma disputa judicial com a Microsoft Corporation em 1990 por conta do SO 16, versão brasileira traduzida do sistema operacional MS-DOS. Com a abertura do mercado brasileiro para concorrentes estrangeiros, a empresa também não acompanhou a transformação do mercado nacional de informática e descontinuou seus negócios em meados dos anos noventa.

*Esta é uma das reportagens da série Especial Dia da Informática 2023, celebrado em 15 de agosto. Confira aqui o especial completo.

Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!

As melhores notícias de tecnologia B2B em primeira mão
Acompanhe todas as novidades diretamente na sua caixa de entrada
Todas
Imagem do ícone
Notícias
Imagem do ícone
Revistas
Imagem do ícone
Materiais
Imagem do ícone
Eventos
Imagem do ícone
Marketing
Imagem do ícone
Sustentabilidade
Inserir e-mail
Notícias relacionadas