Após sanções do governo dos Estados Unidos, a Huawei tem investido em grupos chineses de chips para se tornar autossuficiente em semicondutores. De acordo com o Financial Times, a gigante de tecnologia chinesa já adquiriu participação em três empresas chinesas de equipamentos de semicondutores nos últimos três meses, a partir do Hubble Technology Investment, um […]
Após sanções do governo dos Estados Unidos, a Huawei tem investido em grupos chineses de chips para se tornar autossuficiente em semicondutores.
De acordo com o Financial Times, a gigante de tecnologia chinesa já adquiriu participação em três empresas chinesas de equipamentos de semicondutores nos últimos três meses, a partir do Hubble Technology Investment, um fundo de 2,7 bilhões de renminbis (US$ 413 milhões) criado pela Huawei.
De acordo com registros de empresas públicas apurados pelo Financial Times, o Hubble adquiriu em setembro uma participação de 3,3% na Skyverse, uma empresa apoiada pela Academia Chinesa de Ciências, que fabrica ferramentas de teste e inspeção para uso na fabricação de semicondutores.
Embora o investimento tenha sido de apenas 3,3 milhões de renminbis (cerca de US$ 500 mil), o investimento é visto como altamente estratégico, diz o jornal, porque dá à empresa acesso à tecnologia que não pode mais obter nos Estados Unidos.
No final de novembro, ela também adquiriu 6,2% da Ningbo Allsemi, uma pequena empresa que fabrica máquinas para gravar wafers e remover camadas fotorresistentes, ambos processos importantes na fabricação de chips.
Menos de uma semana depois, o Hubble comprou 4,6% da Epiworld International, fabricante de ferramentas de inspeção para carboneto de silício, um material especial para a fabricação de chips de gerenciamento de energia de última geração usados em veículos elétricos, como alguns modelos Tesla mais recentes, segundo o jornal.
O Hubble estava anteriormente “investindo principalmente em empresas que podem ser fornecedoras diretas da Huawei, mas alguns investimentos recentes são diferentes”, disse ao jornal, Mark Li, Analista de Chips da Bernstein, em Hong Kong. “Eles são fornecedores de equipamentos de semicondutores que não serão fornecedores diretos da Huawei”.
As aquisições marcam uma mudança significativa na estratégia da empresa, que tenta tirar as empresas americanas da cadeia de suprimentos, enquanto luta contra as sanções no país.
O governo americano proibiu o uso de tecnologia dos Estados Unidos para projetar ou produzir chips de qualquer lugar que possa acabar em produtos Huawei. Ainda que algumas empresas tenham recebido licenças para continuar fornecendo ao grupo chinês, as restrições prejudicaram o futuro da empresa.
Pequim, por outro lado, intensificou seu esforço para não depender do fornecimento de empresas dos EUA. Esse plano inclui uma fábrica de chips dedicada para a Huawei, que funcionaria sem equipamentos comprados nos Estados Unidos, diz o FT.
Os “investimentos estão claramente substituindo empresas norte-americanas às quais não têm mais acesso”, disse ao jornal um executivo da indústria de chips. No entanto, especialistas alertam que esse movimento demonstra o imenso desafio da gigante chinesa.
“Os fabricantes de equipamentos em que o fundo investiu recentemente são pequenos players. Elas são muito menores do que as principais empresas chinesas neste espaço, que por sua vez são muito menores do que as rivais internacionais”, disse Li.