A inteligência artificial (IA) está no centro de um dos projetos mais ambiciosos de digitalização da Hospitales Ángeles, maior rede privada de saúde do México. Há dois anos, a instituição criou a AISHA, sistema que utiliza IA para a detecção precoce de doenças complexas, especialmente câncer. Anualmente, mais de 20 milhões de pessoas são diagnosticadas […]
A inteligência artificial (IA) está no centro de um dos projetos mais ambiciosos de digitalização da Hospitales Ángeles, maior rede privada de saúde do México. Há dois anos, a instituição criou a AISHA, sistema que utiliza IA para a detecção precoce de doenças complexas, especialmente câncer.
Anualmente, mais de 20 milhões de pessoas são diagnosticadas com câncer no mundo – e grande parte dos casos chega aos hospitais já em fases avançadas. O primeiro projeto da organização, o AISHA MRI, combina ressonância magnética de corpo inteiro com modelos avançados de IA para identificar alterações no organismo antes que os sintomas apareçam.
Enquanto uma ressonância convencional produz entre 2 mil e 3 mil imagens, o exame integral desenvolvido pelo grupo alcança 10 mil registros por paciente. O sistema foi criado em apenas nove meses graças à infraestrutura em nuvem e hoje seu preço, segundo o executivo, equivale ao de uma ressonância magnética tradicional.
Essas imagens são processadas por algoritmos próprios, desenvolvidos com apoio da Nvidia e da AWS. A partir deles, é construído um gêmeo digital detalhado do corpo. Sem essa tecnologia, a reconstrução completa de um organismo em 3D levaria dias de trabalho – e seria economicamente inviável. “Nosso modelo de inteligência artificial faz isso em apenas nove minutos”, disse Pablo Reyes, líder da AISHA.
Além da agilidade, o gêmeo digital permite acompanhar a evolução do paciente ano a ano, oferecendo uma camada de previsibilidade aos médicos. Segundo o responsável pelo projeto, o exame já é capaz de detectar câncer em até 5% de pacientes assintomáticos que se consideravam saudáveis.
Leia mais: “Temos talentos únicos”, defende VP Latam da AWS sobre adoção de IA na região
A experiência de entrega de resultados também foi redesenhada: pacientes e médicos podem acessar o gêmeo digital em realidade virtual, visualizando as alterações de forma intuitiva. O objetivo é aproximar pessoas do tema da medicina preventiva e tornar o processo menos abstrato.
A rede complementou o sistema com uma plataforma digital que unifica resultados de exames, imagens e histórico clínico. Uma camada de IA generativa, baseada no Amazon Bedrock, traduz achados médicos em linguagem simples e orienta o paciente sem substituir o diagnóstico profissional.
Além de agilizar diagnósticos, a iniciativa também avança na questão da sustentabilidade econômica. Problemas de coluna, por exemplo, estão entre as principais causas de absenteísmo na América Latina e muitas vezes evoluem por falta de detecção precoce. A análise avançada das imagens permite indicar desde ajustes posturais até fisioterapia antes que situações avancem para cirurgias, cujo custo pode superar US$ 100 mil.
“Praticamente em todos os pacientes estamos encontrando algo, e isso é realmente muito importante”, pontuou Reyes.
O próximo passo do projeto é uma expansão internacional. A Hospitales Ángeles pretende implantar a tecnologia em outros países da América Latina, algumas regiões da Europa e, futuramente, na América do Norte. “Esperamos poder ter outros hospitais instalados fora do México até o final do próximo ano e impactar não apenas centenas, mas milhares ou até milhões de pessoas”, afirmou.
*O jornalista viajou a Las Vegas a convite da AWS.
Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!