Com a massificação da inteligência artificial (IA) generativa, eventos, no mínimo, engraçados, passaram a fazer parte do nosso dia a dia a partir do emprego inexperiente das ferramentas disponíveis. Um exemplo bem comum é a alucinação da IA, um fenômeno no qual a inteligência artificial oferece uma resposta a partir de fatos inexistentes ou imprecisos […]
Com a massificação da inteligência artificial (IA) generativa, eventos, no mínimo, engraçados, passaram a fazer parte do nosso dia a dia a partir do emprego inexperiente das ferramentas disponíveis. Um exemplo bem comum é a alucinação da IA, um fenômeno no qual a inteligência artificial oferece uma resposta a partir de fatos inexistentes ou imprecisos sobre um assunto pesquisado. Mas quando respostas da IA são simplesmente aceitas e empregadas por estudantes ou profissionais, devemos acender um sinal de alerta.
No campo da educação, sabemos que a IA cria oportunidades para otimizar processos de ensino e potencializar o aprendizado. No entanto, em meio a esse avanço tecnológico, emerge a necessidade urgente de cultivar e fortalecer o pensamento crítico dos estudantes. Em um ambiente cada vez mais permeado por algoritmos e decisões automatizadas, a capacidade de questionar, analisar e interpretar informações se torna essencial para que o uso dessas ferramentas seja, de fato, um impulsionador de conhecimento e não um mero replicador de dados.
O relatório de 2025 da Pearson VUE sobre o Valor das Certificações em TI revela dados impressionantes: 84% dos profissionais de TI pretendem buscar uma nova certificação no próximo ano. Esse número reflete um movimento crescente de aprendizado constante e de adaptação às inovações tecnológicas, impulsionado, principalmente, pela disseminação da IA no mercado de trabalho. Sabemos que a estagnação no aprendizado pode comprometer seriamente a posição de qualquer profissional, principalmente quando se leva em consideração os avanços de cada área a partir da inserção tecnológica.
O que seria essa capacidade de refletir criticamente sobre o conteúdo apresentado por IA, especialmente aquelas abastecidas por uma base gigantesca de dados? Parece simples, porém o pensamento crítico requer uma combinação de habilidades complexas de questionar a origem dos dados, interpretar os resultados fornecidos pelos algoritmos e, sobretudo, identificar vieses que possam comprometer a qualidade do aprendizado.
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A intenção não é gerar pessoas consumidoras de conhecimento, mas agentes que possam pôr em prática seu senso crítico individual e questionador. Afinal de contas, um mundo sem questionamentos não é suscetível a mudanças, ainda mais quando relacionado às possibilidades que a IA apresenta. Segundo conclusão da pesquisa da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP), elaborado pela pesquisadora Carla Campana, “a aprendizagem experiencial não se dá meramente pela vivência de uma experiência, mas pelo ciclo que parte da experiência, passa pela reflexão e simbolização, pela reconfiguração desta última em forma de conceitos e generalizações, e pela integração desses novos conceitos a um repertório anterior.”
E, nesse caso, os números falam por si. Voltando à pesquisa Pearson VUE, o número de profissionais que planejam obter certificações em IA e Machine Learning mais que dobrou nos últimos dois anos, saltando de 17% em 2022 para 35% em 2024. Além disso, 69% dos empregadores afirmam ter iniciado ou ampliado os investimentos em IA. Esse cenário evidencia uma clara demanda por habilidades não apenas técnicas, mas também analíticas e críticas, capazes de acompanhar o ritmo das inovações tecnológicas com discernimento.
Essa forma de acompanhar a movimentação do mercado é bem comum em dias em que o “ficar para trás” representa um grande risco para os negócios, independentemente da área de atuação da empresa. Quando há esse movimento por parte dos empregadores, é comum que os pré-requisitos para as contratações sejam mais exigentes. Treinar o pensamento crítico proativo é essencial para quem vai em busca de uma colocação, ainda mais em mercados que passam por aprimoramento subsidiado pelos avanços das inteligências artificiais.
O pensamento crítico não se desenvolve apenas pelo uso de tecnologias avançadas, mas por meio de uma educação que estimule a análise profunda dos conceitos, o questionamento fundamentado e a capacidade de argumentação lógica. Para os estudantes, isso significa transcender o papel de meros usuários de tecnologias para se tornarem protagonistas do próprio aprendizado, exercendo um olhar atento sobre os impactos da IA em suas trajetórias de conhecimento. Na pesquisa da Pearson VUE, 82% dos entrevistados que investiram em novas certificações ganharam confiança para explorar novas oportunidades de emprego, e 63% receberam promoções ou esperavam por uma. Além do mais, 70% dos funcionários entrevistados certificados se tornaram mais produtivos; 79% melhoraram a qualidade do trabalho e 76% aumentaram a capacidade de inovar.
A educação, portanto, tem um papel fundamental em preparar esses futuros profissionais para um mercado dinâmico e tecnológico. Promover o desenvolvimento do pensamento crítico aliado ao domínio das novas ferramentas tecnológicas é o caminho para assegurar que a inovação sirva ao propósito maior de ampliar o conhecimento humano de forma ética e eficiente. O uso inteligente da IA no aprendizado não se limita à absorção de informações, mas requer capacidade de interpretá-las e questioná-las sob uma perspectiva crítica. E esse é o verdadeiro diferencial para aqueles que buscam não apenas se adaptar ao futuro, mas liderá-lo.
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