Novo Sistema de Pagamentos Brasileiro mobiliza grande contingente de TI e altos orçamentos. Cada banco deve gastar por volta de R$ 10 milhões, inicialmente.
Até 30 de maio as instituições devem realizar os testes da rede, do sistema de troca de mensagens, de segurança e dos produtos que vão suportar o novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Para isso, os 170 Bancos com operação no país estão reservando orçamentos vigorosos, investindo na formação de equipes de trabalho e avaliando os impactos da implantação do SPB. Mesmo com prazo apertado, há um consenso entre as instituições de que a novidade chega para aperfeiçoar a economia nacional. O desafio que o Banco Central está requerendo é alto, mas indispensável para a evolução do mercado financeiro brasileiro, observa o diretor de Informática do Unibanco, José Fernando Trita.
Além da nova infra-estrutura de telecomunicações, é mandatório que os Bancos implementem novos aplicativos, entre eles o de gerenciamento da reserva bancária, ligação das agências com as respectivas tesourarias, Mensageria e Piloto de Reserva, além de contabilidade e gestão de risco. Cada um dos 170 bancos instalados no país terá que adequar diferentes sistemas, dependendo da atual planta de software.
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O custo do SPB
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| Unibanco | R$ 5 milhões |
| Citibank | R$ 10 milhões |
| HSBC | R$ 10 milhões |
O HSBC, por exemplo, está mexendo em 70 módulos e criando um sistema de transferência de reservas (STR), denominado DOConline, que permitirá a realização de transações em tempo real. Além disso, como garantia de disponibilidade total, o Banco apesar de ainda não saber os tipos e quantidade de máquinas que vai adquirir determinou o espelhamento de toda a infra-estrutura de hardware e networking. A plataforma de hardware e software deverá ser escolhida assim que as Clearings de Pagamento apontarem o novo modelo de operação.
Força tarefa
Para a lida apelidada de Bug 2, o HSBC destacou 21 funcionários e R$ 10 milhões, mesma cifra aplicada, inicialmente, pelo Citibank e o dobro do valor orçado pelo Unibanco, no qual 80 pessoas estão definindo os impactos da chegada do SPB e apontando os detalhes do projeto, além da adaptação de 32 sistemas da instituição.
As áreas de tecnologia e negócios estão desenvolvendo ferramentas para as aplicações internas do banco, mas também estamos buscando, no mercado, outras soluções capazes de auxiliar na administração e controle do Piloto de Reserva e Mensageria, explica Trita, do Unibanco.
O Citibank convocou mais de 100 pessoas para atuar no projeto SPB. O primeiro passo deste grupo é definir as prioridades para 2001. Depois faremos os trabalhos mais específicos, que não interferem na adoção básica do Sistema, explica o diretor Executivo do Citibank, Pedro Luiz Guerra, responsável pela implantação do SPB na instituição.
Ele informa que estão sendo feitos imediatamente os trabalhos com Piloto de Reserva, Mensageria, links com as Clearings de Pagamento, união dos legados ao SPB e reengenharia. Já determinamos o que deve ser feito na tesouraria, mas ainda aguardamos os detalhes das Clearings e do módulo de troca de mensagens para que possamos tomar ações mais detalhadas, acrescenta o executivo do Citibank, que dirige dois comitês dos quais também fazem parte o presidente e os vice-presidentes da instituição, além de seis divisões do Citibank.
Na esfera federal
A empreitada no Banco do Brasil foi dividida em equipes. Há o grupo de Rede, um subgrupo de Segurança e outro de Mensageria que, de acordo com Joaquim Assis Neves, analista Consultor de Informática do BB, está desenhando cada transação e construindo tipos diferentes de mensagem. Ainda não sabemos o volume total de sistemas modificados, nem quanto será gasto na implantação do SPB, mesmo porque não temos parceiros e desenvolvemos todos os sistemas com recursos próprios, informa.
Na Caixa Econômica Federal, 40 técnicos das áreas de desenvolvimento de sistemas, suporte a software básico, telecomunicações e segurança estão comparando a base instalada da instituição aos requisitos do Banco Central para operacionalizar o SPB. Fornecedores da área de tecnologia da informação (TI) também estão sendo mobilizados.
As compras de máquinas e acessórios ainda não foram definidas pelas instituições entrevistadas pelo COMPUTERWORLD, mesmo porque ainda há detalhes pendentes. A operadora de telecomunicações que vai construir a rede do Sistema é uma delas. A escolha deste provedor de serviços pode interferir no tipo de roteador a ser indicado pela Febraban, destaca Assis Neves, do Banco do Brasil.
O padrão para Mensageria, por outro lado, já foi escolhido (a linguagem XML Extended Markup Language), mas não pode ser implementado pelas instituições porque serão divulgados, ainda este mês, os modelos de mensagem para operações variadas, ordens de pagamento, além de informações dirigidas às Clearings de Pagamento e ao Banco Central.
Piloto de Reserva – mensagem para um sistema que liga a tesouraria do banco com as interfaces dos correntistas e com outros sistemas das instituições como títulos e ações;
Mensageria – todas as mensagens trocadas entre bancos, câmaras de compensação e o Banco Central, que sinalizam qualquer tipo de operação como ordens de pagamento e troca de ações.
Conheça alguns dos fornecedores que já estão se preparando para competir pelo SPB oferecendo, principalmente, ferramentas de Mensageria e Piloto de Reserva:
|Computerworld – Edição 336 – 21/02/2001|