Companhia migra para o R/3 4.6c para melhorar o atendimento à cadeia logística, adotar novos indicadores gerenciais e aperfeiçoar os processos e a comunicação interna.
Três por quatro |
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Edgar Marçon |
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Desafios 1) Implantar o SAP R/3 nas unidades fabris do Brasil e, posteriormente, Argentina 2) Atualmente o maior desafio é atender a cadeia logística, supply chain expandido, implementar novos indicadores gerenciais no BW e melhorar os processos internos integrados aos novos recursos do SAP R/3 4.6C |
A Robert Bosch que tem o privilégio de passar por três séculos de administração abriu fogo contra a necessidade de melhorar o relacionamento com a cadeia de fornecedores e vai utilizar todas as facilidades que a tecnologia da informação oferece. A base estratégica mundial para o século XXI está calcada no programa BeQIK, no qual as letras Q, I e K são iniciais de termos em alemão correspondentes a qualidade, inovação e orientação. Imagine se o fundador da pequena oficina de reparos mecânicos e elétricos, nascida em 1886, estivesse vivo para acompanhar toda a evolução de TI e pudesse armazenar o histórico de sua bem-sucedida empreitada?
Certamente o engenheiro assumiria a mesma postura adotada hoje pelos sucessores alemães: cautela em relação à sua política de CRM (Customer Relationship Management). Edgar Marçon, gerente de tecnologia da Robert Bosch para a América do Sul, afirma que os investimentos nessa área estão congelados e ficaram para 2002 no aguardo de um sinal verde da matriz em Stuttgart (Alemanha).
A Bosch está envolvida com a implantação do pacote de gestão desde 1997, quando iniciou a instalação do sistema na unidade de Curitiba, em abril. O projeto foi concluído em julho do ano passado na unidade da Argentina. E, logo depois, a companhia já iniciou o upgrade da versão 3.0f para 4.6C do SAP R/3. Marçon afirma que o foco esse ano é expandir o relacionamento com a cadeia de fornecedores, melhorar e consolidar seu data warehouse através da análise gerencial de novos indicadores. Embora o Brasil tenha sido o primeiro país a implantar o software de gestão da SAP, todo o cronograma de TI é determinado pela matriz, ressalta o executivo.
Com a implantação e integração dos sistemas, todas as seis fábricas brasileiras e a planta da Argentina Aratu (BA), capital paulista e duas em Campinas (SP), além de Curitiba (PR) foram automatizadas tanto na parte administrativa como operacional.
Outro foco é gerar novos indicadores para que os gestores da companhia tomem conhecimento sobre o que está acontecendo com a empresa. Embora a Bosch já trabalhe com o BW (Business Warehouse), da SAP, na área comercial implementado desde 1999 vamos expandir para logística, qualidade, compras, finanças, conta Marçon.
A expectativa é de que a primeira fase dessa iniciativa seja concluída ainda neste ano, envolvendo os principais indicadores, como acompanhamento de estoque, vendas, compras, nível de qualidade e atendimento ao cliente, etc.
Trampolim
A Bosch ensaia seu salto nos mares não navegados da Internet, já que a Alemanha desenvolve atualmente um portal que, ainda sem data marcada, será o canal de comercialização com todos os fornecedores. Por enquanto, as iniciativas em terras brasileiras são experimentais.
Diante dos primeiros passos rumo ao B2B (business-to-business), cerca de 90% dos pedidos para revenda serão recebidos através da Extranet, com troca de informações via EDI (Eletronic Data Interchange) entre os três mil fornecedores, o que agilizará as transações e irá melhorar a logística, pois eles receberão até o final do ano informações em tempo real.
Marçon ilustra que será possível realizar o pedido de embarque da matéria-prima, despacho, serviços, etc., além de verificar a situação financeira em relação à fabricante de autopeças e ferramentas elétricas.
Ensino a distância
A comunicação interna também passa por adaptações. Preocupado com os usuários do sistema, a Bosch não quer mais perder tempo em treinamentos e parte para um piloto de e-learning. Para formar uma cultura com base em um software de gestão é preciso tempo e dinheiro, uma vez que atualmente contabilizamos três mil usuários SAP na América do Sul, afirma o executivo.
A idéia é multiplicar o conhecimento através da Intranet da corporação, com o uso de ferramentas que a versão 4.6C dispõe a partir de agosto. Marçon ressalta que tudo o que pudermos focar nas soluções com a SAP será aproveitado. Esse projeto envolverá a disseminação por meio de dados, voz e imagem. Para que isso ocorra, a companhia que ainda usa linha privada avalia o mercado de Frame Relay com o objetivo de melhorar a performance da rede.
Coincidência ou não, o fato é que a Robert Bosch e a SAP falam a mesma língua desde quando formaram a parceria tecnológica há cinco anos, além de estarem presentes nos principais continentes do mundo. Este fato conta pontos a favor de quem usa e abusa das as ferramentas do software de gestão e acaba se tornando fiel à fornecedora. Não é comum a montadora adotar pacotes de software de outras fornecedoras e isso é, sem dúvida, um retrato de que o desenvolvimento de tecnologia automotiva representa forte integração de seus sistemas.
Mobilização
Usuária do R/3, o upgrade para a versão 4.6C promovido pela Bosch envolveu um time de 145 usuários, mais uma equipe de 30 pessoas da área de TI e ainda consultores da própria SAP. Apesar da recente atualização, o módulo de folha de pagamento foi implementado nesse mês na fábrica de Curitiba e a área de recursos humanos é um projeto que vai até meados de 2002.
Além dos benefícios da nova versão, evoluímos e conquistamos um sistema homogêneo dentro da Bosch e, com o volume de usuários, precisamos atualizá-los porque cada qual aprendeu a servir-se do ERP de forma pessoal, explica Marçon, que terminou o treinamento em outubro de 2000. Como centro de competência para a América do Sul, a companhia prevê a implantação do ERP na Venezuela ainda esse ano.
RAIO-X |
Robert Bosch Ltda. |
dados: Oracle 8.05 e até o final do ano 8.1.6 |
Depois de se instalar na Argentina, em 1994, uma das plantas da Robert Bosch, em Campinas (interior de São Paulo) passou a ser a sede administrativa latino-americana da companhia, gerenciando toda a atividade comercial do continente. Esse é um dos motivos para experimentar novas frentes em tecnologia da informação como o projeto, ainda piloto, de adotar coletores de dados, por meio de radiofreqüência, no chão da fábrica campineira.
Não é por acaso que a empresa abusa da tecnologia da informação. No Brasil, a Bosch também produz ferramentas elétricas com um mix de produção no interior paulista, que inclui as linhas profissional, industrial e hobby, além de furadeiras, politrizes, serras circulares, entre outras, com uma capacidade total de produção de 30 mil ferramentas/mês, destinadas
tanto ao mercado nacional quanto à exportação.
Segundo Edgar Marçon, gerente de TI da Robert Bosch para a América Lanita, esse é um dos passos importantes
que tem como objetivo reduzir a zero o número de erros de despacho, onde é possível conectar os recursos da 4.6C sem intermediações.
Foram adquiridos até agora 10 coletores fornecidos da norte-americana Intermec, mas o executivo, que não revelou os participantes, afirma que avaliou sete fornecedores antes de adquirir os equipamentos. A meta é contabilizar 80 dessas máquinas somente em Campinas, mas a expectativa é que o projeto de código de barra seja implantado até o primeiro semestre de 2002, revela.
Com a casa arrumada, todo o custo de tecnologia da informação foi centralizado numa área única, ou seja, antes cada departamento atualizava seu parque conforme a necessidade. Marçon adianta a intenção de adquirir equipamentos via leilão reverso, depois de a Alemanha absorver o projeto Internet.
|Computerworld – Edição 346 – 25/07/2001|