Companhia adquirida em dezembro último terá que se
adequar ao modelo da Kraft Foods Brasil. Mas a estratégia
respeitará a melhor solução de TI adotada pelas duas empresas.
Uma nova empresa em um ano. Esta é a meta da Kraft Foods Brasil para 2001, após a aquisição da Nabisco por US$ 19,2 bilhões, em dezembro do ano passado. Roberto Pinheiro Machado, CIO da companhia no país, recebeu e aceitou a missão de unir as tecnologias de duas corporações de culturas distintas. Nada de acabar com a infra-estrutura da empresa comprada em detrimento das soluções já utilizadas pela KFB. Embora ainda não tenha acertado todos os ponteiros de Tecnologia da Informação, um dos planos do executivo é integrar as áreas de finanças e manufatura em uma única plataforma. Outra decisão já acertada é que o software de vendas da Nabisco, desenvolvido internamente, será utilizado pela KFB.
Com a compra, a Kraft Foods do Brasil subsidiária da Phillip Morris Corp. (grupo que congrega a Phillip Morris International, a Kraft Lacta Suchard, Miller e Maxuel House) ficou com dois orçamentos de TI, correspondentes a US$ 18 milhões. Mas a partir deste mês nossa expectativa é reduzir esse número em até 20%, ressalta o CIO. Essa redução explica-se porque Machado estará estudando ao longo desse ano toda a infra-estrutura de TI das duas empresas para, então, decidir quais soluções, plataformas e equipamentos serão aproveitados.
Uma tarefa não muito difícil, já que a Phillip Morris do Brasil passa a fabricar apenas cigarros, tornando-se uma empresa independente com sua estrutura de TI, comandada pelo CIO Flavio de Souza, que antes ocupava a cadeira de diretor de tecnologia na indústria de biscoitos.
A aquisição da Nabisco coloca a Kraft Foods do Brasil na privilegiada posição de quarto lugar no ranking das empresas de alimentos do país, lembra Machado. Em 2000, o faturamento local da Kraft Lacta Suchard foi de US$ 350 milhões e a Nabisco fechou o seu exercício fiscal com US$ 400 milhões. No total, a nova empresa nasce com um faturamento de US$ 750 milhões concentrados, agora, nas mãos do CEO da KSB, Gustavo Abelenda.
Integração
As diferenças entre Kraft e Nabisco começam na plataforma de hardware: de um lado, o AS/400; e do outro, a Nabisco utiliza mainframe, com hardware baseado nos Estados Unidos. A Kraft usa a Embratel e a Comsat como provedores de infra-estrutura Frame Relay para a transmissão de dados entre as três fábricas duas em São Paulo e a matriz em Curitiba além dos oito centros de distribuição um em Canoas; um em Curitiba; dois em São Paulo; um em Belo Horizonte e outros dois em Salvador e em Recife.
| Três por Quatro | |
| Roberto Pinheiro Machado | CIO da Kraft Foods Brasil desde janeiro de 2001. Está na área de TI há 30 anos, atuando como diretor de tecnologia desde 1985, após ter passado pelas empresas: Jonhson & Jonhson por 10 anos; Grupo Susa; Banco Pontual; e Phillip Morris, divisões de tabaco e alimentos (1992 2000). |
| Principais desafios | Phillip Morris Brasil compra da Q Refresko em 1993, quando houve a integração de ambas as empresas; Integrar a Lacta; Integrar a Nabisco, que talvez seja o maior desafio porque além da integração, a matriz da Nabisco será transferida para Curitiba. |
A fabricante do conhecido fermento Fleischmann Royal Nabisco interliga sua rede através da AT&T. O provedor suporta todas informações dos quase 100 itens fabricados pela empresa, e classificados entre biscoito, leite, gelatina, castanhas de caju, etc.
Com um contingente maior de 13 fábricas espalhadas pelos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Fortaleza e dois centros de distribuição (Jundiaí e Recife) a Nabisco atua com recursos próprios de logística, diferente de sua empresa mãe, que realiza a distribuição através do operador logístico Maclane.
Machado lembra que muitos dos equipamentos da Nabisco serão reduzidos, como os atuais 20 servidores Compaq/Windows NT, já que a Kraft soma outras 40 máquinas sob a mesma tecnologia, para funções semelhantes. Da mesma forma, a fabricante de biscoitos tem hoje cerca de mil workstations Compaq, IBM e Itautec número que também será reduzido com a integração.
Sobre os planos da companhia em entrar para os negócios na Internet, o CIO faz previsões a longo prazo. Nossa intenção é realizar negócios na Web nos próximos dois anos, bem como criar uma política de CRM (Customer Relationship Management). Por enquanto não temos nenhum projeto nesse sentido, conclui Machado.
O que fazer
com a equipe?
A antiga concepção de que um dia as pessoas seriam substituídas por robôs está longe de se concretizar e, talvez, seja mero folclore. A nova indústria Kraft Foods tem como filosofia investir em seu maior capital: o funcionário.
A integração acontecerá de forma natural, a partir do momento em que as duas equipes de TI estiverem conscientes das operações de cada companhia, destaca Machado. O time da KFB conta com 5 mil funcionários, aproximadamente o mesmo número de profissionais da Nabisco. Entre Nabisco e Kraft são 59 pessoas na área de TI. Vamos ter cerca de 43 pessoas, adianta o CIO, explicando que a redução na soma das duas áreas de tecnologia acontecerá porque algumas pessoas se recusaram a mudar para Curitiba (PR).
Depois de conhecer o modelo de negócios e necessidades das duas empresas será definida a melhor infra-estrutura de tecnologia a ser implantada. Nos próximos três anos, a Kraft Foods Brasil terá incorporado a Nabisco, além de desenhar a sua entrada no mundo Business-to-Business, modelos de intranet e
extranet, além de uma possível mudança de plataforma, prospecta Machado.
Kraft Foods Brasil
Número de funcionários: 5 mil
Investimento anual em TI antes da aquisição:
0,9% do faturamento
Faturamento em 2000:
US$ 350 milhões
Equipe de TI: 22 pessoas
Parque instalado
de software:
ERP: Prism, da empresa do mesmo nome, e OneWorld, da J.D. Edwards (manufatura e finanças consecutivamente); Sistema Operacional: Windows NT 4.0;
Software de escritórios: aplicativos Office; Banco de dados: SQL Server, da Microsoft; e Business Object (como data warehouse)
Parque instalado de hardware:
Servidores: 40 equipamentos Intel (Compaq e IBM);
Workstations: 1.000 máquinas Compaq, IBM e Itautec
Rede de dados:
Embratel e Comsat
Nabisco
Número de
funcionários: 5 mil
Faturamento em 2000:
US$ 400 milhões
Equipe de TI: 37 pessoas
Parque instalado
de software:
Sistema Operacional: Windows NT 4.0, HP-UX e IBM-AIX; Software de escritório: Windows NT e Aplicativos Office; Banco de dados: SQL Server, Cognus, Oracle e Supra (para a rede)
Parque instalado
de hardware:
Servidores: 20 máquinas, sendo 7 servidores Risc HP e IBM, e o restante Compaq/Intel; Workstations: 1.000 equipamentos Compaq
Rede: AT&T
|Computerworld – Edição 337 – 14/03/2001|