Primeiro lugar em volume de vendas, segundo a Associação Brasileira de Supermercados, o Carrefour Brasil vai, este ano, integrar seus centros de distribuição, passando a concentrar dados na matriz, na França.
Com um orçamento de aproximadamente R$ 90 milhões para a área de TI, o Carrefour Brasil começa a preparar as soluções que vão para as gôndolas de sistemas ao longo deste ano. A prioridade é a padronização, uma tendência que vem sendo perseguida pelo grupo em todo o mundo. A rede de hipermercados, presente há 25 anos no país, dará a sua arrancada rumo aos ajustes da matriz, na França, colocando em operação, entre tantos projetos, a centralização dos servidores e a integração dos cinco centros de distribuição.
Juracy Parente, consultor de varejo, diz que o grupo assumiu a liderança no ranking dos supermercados em 1994, com 16% de participação nesse segmento, e em 1999 estava com 19% de market share.
Ainda este ano, o Carrefour irá colocar em prática um projeto de Resposta Eficiente ao Consumidor, do inglês Efficient Consumer Response (ECR), e planeja consolidar o projeto supply chain. Os negócios na Internet para o Grupo vão de vento em popa. O Carrefour está envolvido em um projeto B2B, através da parceria com a Global NetXchange, a partir do qual compra e vende por meio de catálogos e leilões no portal www.gnx.com. A matriz francesa está desenvolvendo algumas experiências de B2C acreditando que, nos próximos cinco anos, tenha o comércio eletrônico contribuindo com uma parcela significativa do seu faturamento mundial.
| Três por quatro | |
| Itamar Antônio Bocchese Andreoni, CIO do Carrefour Brasil desde julho de 2000. Atuou como diretor de Cartões do Carrefour no período de 1989 a 1994. |
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| Principais desafios: |
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Consolidação
No processo de centralização, 130 servidores serão concentrados na sede da empresa, na capital paulista, utilizando como backup uma antiga instalação, também em São Paulo. Os centros de distribuição, localizados nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Rio Grande do Sul, também serão integrados para facilitar a reposição de mercadorias nas lojas.
Até novembro, iniciaremos a implantação do novo conceito de distribuição, com base em um processo de reabastecimento automático, conta Itamar Antônio Bocchese Andreoni, diretor de Tecnologia da Informação do Carrefour Brasil.
O executivo destaca que ainda não foi definitivo se haverá um único centro para atender os dois formatos (hipermercado e supermercado) ou um centro para cada modelo de negócio. Hoje, a reposição é feita em lotes que, ao final do dia, são transmitidos aos centros de distribuição e estes fazem os pedidos de reposição aos fornecedores.
Em seguida, o EDI (Eletronic Data Interchange) será utilizado para propiciar a troca eletrônica de informações com os fornecedores, com base em ferramentas de ECR. Temos hoje um repositório de dados que funciona para efeitos fiscais, onde estão registradas todas as transações de caixa, diz Andreoni. Sabe-se quem é o cliente em cerca de 40% das vendas pagas com os cartões Carrefour e Champion.
Comunicação mundial
A comunicação entre os 75 hipermercados e os 130 supermercados e escritórios regionais, além dos cinco centros de distribuição e as duas sedes no Brasil (ambas em São Paulo), é suportada pela Embratel serviço X.25 e pela Vicom, que se integram à rede mundial da Sita Equant. Para suportar o volume de dados diário na rede, cerca de 500 Mbps, o grupo brasileiro dispõe de 300 servidores da HP e IBM, administrados por 250 pessoas.
A implantação do ERP da PeopleSoft, parte do projeto Thales que compreende os sistemas administrativos será concluída este ano nos escritórios centrais, sendo que todas as lojas já têm o sistema em operação. O projeto foi iniciado em 2000, a partir das áreas administrativa, financeira e contábil de toda a cadeia de lojas.
Há dez anos, o Carrefour conta com o sistema de gestão comercial (SGC), da Century. Cada loja por si só atende a todas as funções do negócio, depósito, suprimento, compra, etc, explica Andreoni.
Além disso, o grupo adquiriu o direito de uso do sistema RMS (Retail Manage System) que, desde o final do ano passado, está sendo adaptado com módulos adicionais desenvolvidos pela rede de hipermercados.
Na boca do caixa
Em 2000, o Carrefour contabilizou 180 milhões de passagens pelos caixas no país, considerando, nos supermercados, uma visitação de quatro vezes por mês e no hipermercado de duas a três vezes mensais para cada cliente.
Para minimizar os atropelos ou o desprazer de comprar, a rede de lojas montou uma estratégia de manutenção dos terminais ponto de vendas (PDVs), de forma que eles não parem ou tenham a velocidade de processamento diminuída.
Quatro fornecedores abastecem as lojas com os equipamentos de check out. A IBM e a Unisys servem de aliadas às lojas dos hipermercados Carrefour e, nos supermercados Champion, a DataRegis e a Itautec estão na linha de frente.
O segredo para manter as máquinas funcionando, segundo Andreoni, é a infra-estrutura de telecomunicações que oferece o tempo de resposta adequado. Além disso, o executivo atenta para a importância da energia elétrica, com geradores e no-breaks que garantem um fornecimento de energia estável para o caixa, permitindo uma vida útil mais longa com índice de falhas menor.
Carrefour Brasil S/A
Faturamento: R$ 7,9 bilhões em 1999
Funcionários: 47 mil (Brasil), 340 mil (mundo)
Orçamento anual de TI no Brasil: cerca de 1% da receita líquida
Parque instalado de hardware: 300 servidores Risc e Intel da IBM e HP; 8.000 PCs fornecidos pela IBM e HP; Equipamentos de rede Cisco e 3Com; PDVs (terminais ponto de venda) Dataregis, IBM, Unisys e Itautec
Parque instalado de software: sistema operacional: Windows NT e Unix;
banco de dados: Oracle; aplicativos: MS-Office, MS-Project, Lotus Notes; os demais aplicativos são próprios com o desenvolvimento através
da Accenture, Unisys,
IBM e outros.
|Computerworld – Edição 336 – 21/02/2001|